Saiba por que Cupertino demitiu advogado durante julgamento; entenda - Conexão Correio

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Saiba por que Cupertino demitiu advogado durante julgamento; entenda

Arte/Metrópoles “Ele queria ouvir o depoimento da Isabela, e isso gerou a grande explosão.” Com essas palavras, o advogado Alexander Neves L...

Arte/Metrópoles

“Ele queria ouvir o depoimento da Isabela, e isso gerou a grande explosão.” Com essas palavras, o advogado Alexander Neves Lopes resume o que teria motivado sua demissão, feita pelo então cliente Paulo Cupertino Matias, durante o julgamento pelo assassinato do ator Rafael Miguel e dos pais do jovem — crime ocorrido em 2019, na zona sul paulistana.

Filha de Cupertino, Isabela Tibcherani afirmou, mais de uma vez, que o pai era uma pessoa possessiva e que não aceitava o relacionamento dela com o ator, que ficou conhecido do grande público por compor o elenco da novela Chiquititas.

Como mostrado pelo Metrópoles, Isabela solicitou à Justiça, juntamente com a mãe, Vanessa Tibcherani, para testemunhar contra o pai de forma virtual durante o júri popular ao qual ele seria submetido no último dia 10.

A solicitação restou negada. No entanto, foi permitida a retirada dele do plenário quando ambas fossem narrar o caso aos jurados. E esse teria sido o estopim da explosão do acusado.

Vanessa, que manteve relacionamento com o réu por mais de 20 anos, mudou de ideia no último instante, permitindo que Cupertino acompanhasse presencialmente o depoimento dela. O réu vestia uma camisa azul clara, calça jeans, estava com os cabelos longos e revoltos, semelhantes aos que usava na ocasião do crime, e sem algemas.

Conforme Vanessa começou a falar, evitando mencionar o nome dele, Cupertino pareceu inquieto. “Acontece que ele começou a se alterar um pouco ali. Aí, o juiz determinou que fosse colocado novamente a algema nele”, afirmou Alexander. Com as mãos presas, ele ouviu Vanessa falar por cerca de uma hora e meia.

O depoimento mais esperado

Assim que Vanessa concluiu o relato, Cupertino foi retirado do plenário. Era o momento da filha. Diferentemente da mãe, ela manteve a decisão de que o pai fosse mantido fora do recinto.

Ela contou que estava na garagem da casa da família quando o pai atirou 13 vezes contra Rafael e os pais dele, João Alcisio Miguel, de 52 anos, e Miriam Selma Miguel, de 50. O ator e os familiares foram até a residência de Isabela, em Pedreira, na zona sul, para falar com Cupertino sobre o namoro dos filhos, que não era aceito pelo pai da garota. À época do crime, Isabela tinha 18 anos, e Rafael, 22.

Enquanto Isabela falava, Cupertino começou a ficar agressivo na cela para onde foi levado. “Ele queria de qualquer maneira presenciar o depoimento da filha. Só que ela estava protegida pela lei”, afirmou ao Metrópoles o advogado Alexander Neves Lopes.

“Aí ele começou a se alterar [novamente], a gritar. Ele urinou, inclusive, onde se encontrava, na cela, e no meio dessa gritaria ele falou que não me queria como advogado. O juiz não pôde tomar outra atitude a não ser anular o julgamento, ou seja, dissolver o conselho de sentença”, acrescentou o agora ex-defensor.

O advogado ainda destacou que foi “pego de surpresa” com a conduta do réu.

Cupertino também teria se incomodado com a presença de assessores de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), que registravam os bastidores com câmeras de vídeo e de fotografia. O réu achava que os funcionários eram de veículos de comunicação.

Sete encontros presenciais

Antes do julgamento, advogado e réu se encontraram sete vezes, nas quais Cupertino teria agido de forma tranquila.

“Ele nunca foi alterado comigo, falamos sobre o processo, as estratégias, como eu iria defender a versão dele no plenário. Mas a atitude dele me surpreendeu, teve altos e baixos após ver a Vanessa depor e, principalmente, quando foi retirado [do recinto] no momento do depoimento da Isabela.”

Em uma carta escrita da cadeia ao TJSP, cujo teor foi relevado pelo Metrópoles, Cupertino argumenta que os sete jurados que iriam definir a sentença, ou eventual absolvição, haviam sido “infectados com o vírus da mídia” — referindo-se à repercussão nacional do crime.

No manuscrito, remetido à presidência do TJSP em junho do ano passado, Cupertino pede liberdade, afirma ser inocente e diz que seus direitos foram negados, com “narrativa e fatos que não condizem com a verdade”.

Além de Cupertino, Eduardo José Machado, conhecido como o Eduardo da Pizzaria, e Wanderley Antunes Ribeiro Senhora seriam julgados no mesmo dia por terem ajudado o acusado de homicídio durante sua fuga. O auxílio prestado por ambos foi apurado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

A reportagem abordou Wanderley no dia do julgamento, mas ele preferiu não comentar o caso. Eduardo não foi localizado. O espaço segue aberto para manifestações.

Da redação do Conexão Correio com Metrópoles

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