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O debate mais esperado das eleições deste ano nos Estados Unidos acontece nesta terça-feira (10/9), às 22h, no horário de Brasília. Pela primeira vez, Kamala Harris e Donald Trump se enfrentam na TV.
O debate ocorre em um momento crucial da corrida pela Casa Branca, a 56 dia das eleições os candidatos aparecem empatados na margem de erro em todas as pesquisas eleitorais recentes e precisarão atingir o melhor desempenho possível para se aproximarem da vitória.
“Acampamento de debate”
A preparação dos dois candidatos está sendo bem diferente, segundo assessores de ambas campanhas.
Kamala Harris passou a maior parte dos últimos quatro dias enclausurada no Omni William Penn Hotel de Pittsburgh em um intensivo “acampamento de debate”. Os assessores democratas informaram ao Washington Post que construíram um cenário para imitar o layout do estúdio de debate, escalaram um veterano para interpretar Donald Trump, realizando ataques duros e comentários ofensivos. Também fizeram a vice-presidente passar horas ensaiando as perguntas.
Enquanto isso, Trump passou o fim de semana em seu clube de golfe em Bedminster, Nova Jersey, realizando algumas “sessões de política” com assessores e aliados, em vez dos treinamentos tradicionais. O ex-presidente também realizou cerca de meia dúzia de sessões nas últimas semanas, revisou o histórico de política de Kamala Harris em sua campanha presidencial de 2020 e treinou como responder a uma esperada enxurrada de ataques ao seu caráter.
Assessores de Trump disseram ao Washington Post que “um dos objetivos é condicioná-lo [Trump] a esses ataques, para que ele não reaja exageradamente. Estamos tentando tirá-la [Kamala] do roteiro para que ela cometa um erro”.
Kevin Munoz, porta-voz da campanha democrata, disse que Kamala está preparada para mostrar sua visão de governo e ter um desempenho melhor do que o republicano.
“Esperamos que Donald Trump esteja pronto para o debate. Ele é um showman que venceu seu debate mais recente em junho e sabemos que ele tem praticado ainda mais e se preparado mais arduamente do que nunca. A vice-presidente virá ao debate preparada para compartilhar sua visão de um novo caminho para o nosso país que vire a página do passado, e acreditamos que isso irá cristalizar para o povo americano o que está em jogo nesta eleição”, afirmou Munoz.
Enquanto isso, a equipe de Trump tenta, ao máximo, aumentar a pressão sobre a democrata.
“A expectativa alta enfrentada por Kamala Harris é que, para cada nova ideia apresentada, Harris tenha que explicar tanto o dano que ela causou à nossa economia como vice-presidente em exercício, quanto responder por que ela não implementou nenhum desses novos planos durante os últimos 3 anos e meio”, disse Jason Miller, conselheiro sênior de Trump.
Quais sãos os principais desafios dos candidatos
O Metrópoles conversou com os internacionalistas Emanuel Assis e João Candido sobre os principais desafios que cada um dos candidatos deve enfrentar ao longo do debate.
As expectativas para o debate estão muito altas, visto que foi justamente o debate na CNN, entre Donald Trump e Joe Biden, que levou o presidente dos EUA a abandonar a disputa, indicando a vice para o substituir.
“O primeiro debate já mostrou o poder de influência desses espaços no eleitorado norte-americano. Foi a partir do péssimo desempenho do Biden no debate com o Trump que a Campanha Democrata, que o Partido Democrata, trocou, mudou toda a sua estratégia de campanha, passando inclusive pela troca do candidato pela Harris. Então, sim, o debate vai ter um papel influente muito importante. Na corrida presidencial esse ano e acredito que vai determinar muitos votos indecisos para um lado ou para o outro, dependendo de como será o desempenho de ambos amanhã”, destaca Emanuel Assis.
Para João Candido, “a principal expectativa do debate é que ele forneça uma plataforma para os candidatos apresentarem suas visões de futuro para os Estados Unidos, abordando questões críticas como economia, saúde, imigração e segurança nacional. Também é esperado que os candidatos usem o debate para contrastar suas propostas com as dos oponentes, na tentativa de conquistar eleitores indecisos e consolidar suas bases. O debate deve, ainda, trazer clareza sobre como cada candidato lida com a pressão e desafios ao vivo, algo que os eleitores americanos valorizam”.
Faltando apenas 56 dias para as eleições do dia 5 de novembro, a pressão por um bom desempenho se torna maior.
“Eu acredito que esse debate vai ser decisivo para as campanhas desse ano. Tem-se criado uma grande expectativa em torno desse primeiro e, acredito, que o último enfrentamento direto entre a Kamala e o Trump antes de novembro e, a partir disso, espera-se uma grande audiência, uma grande repercussão desse enfrentamento. Isso vai ter um papel fundamental, principalmente entre os eleitores indecisos”, explica Emanuel Assis.
Desafios
Desde que Kamala entrou na disputa eleitoral, Donald Trump tem apresentado dificuldades em se readaptar a uma oponente combativa e carismática. Sendo assim, o debate será uma forma do ex-presidente mostrar aos EUA que é capaz de derrotar a democrata.
“Trump foi pego de surpresa nessa troca de candidaturas e o debate amanhã vai ser a prova final se a campanha republicana conseguiu se adequar a essa nova configuração da campanha democrata. Uma configuração muito mais enérgica, popular e que definitivamente está de volta a corrida presidencial com força e com muito mais chances de vencer. Então, a campanha do Trump sai de uma vitória já dada como certa para uma corrida muito acirrada”, ressalta o internacionalista Assis.
Sobre os maiores desafios de Trump, Candido diz que o republicano “terá que defender sua gestão passada e responder a críticas relacionadas a temas como a pandemia de Covid, questões econômicas e de política externa. Outro grande desafio será reconquistar os eleitores moderados e independentes, que podem ter se distanciado durante seu primeiro mandato. Além disso, ele terá que lidar com investigações e processos legais que envolvem sua pessoa, o que pode ser usado por seus oponentes como uma desvantagem”.
Já para Kamala Harris, Emanuel disse que “o primeiro deles vai ser dialogar com o eleitorado insatisfeito nos Estados Unidos, uma vez que o Trump vai tentar o tempo inteiro associar a candidata ao governo Biden, principalmente a partir dos erros que o governo Biden cometeu, colocando ela como uma espécie de Biden 2.0”, ou seja, “o desafio dela vai ser, ao mesmo tempo em que reivindica o seu papel nesse governo, principalmente a partir dos acertos, se coloca também como uma alternativa e uma renovação política dentro da gestão democrata”.
“O segundo desafio será lidar com o eleitorado indeciso, que é um eleitorado que tem propensão a ser mais moderado e que o Trump vai tentar trazer pra si a partir de uma associação da Harris com pautas sensíveis pra esse eleitorado e polêmicas também, como a questão do aborto, a questão da imigração, a questão das drogas, que são”, afirmou Assis.
Para Candido, “Kamala Harris terá o desafio de se consolidar como uma candidata forte e confiável, não apenas como vice-presidente. Ela precisará lidar com críticas sobre sua atuação no governo Biden, principalmente em áreas sensíveis como imigração e economia. Outro desafio será lidar com o ceticismo de certos grupos de eleitores, que ainda não a veem como uma opção presidencial viável. Além disso, precisará enfrentar ataques dos republicanos, que podem tentar associar sua candidatura a políticas consideradas radicais por parte do eleitorado conservador”.
Emanuel de Assis concluiu que “diante de um cenário em que o eleitorado indeciso vai ter um papel fundamental na decisão acirrada dessa corrida, a postura dela diante dessas questões e dessas associações que o Trump vai tentar fazer com o nome dela e com a campanha dela vai determinar de alguma maneira o sucesso ou o fracasso da campanha democrata esse ano”.
Da redação do Conexão Correio com Metrópoles
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