Foto reprodução O ator Marcos Oliveira, conhecido por interpretar o personagem Beiçola, em A Grande Família, abriu o coração em uma entrevis...
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O ator Marcos Oliveira, conhecido por interpretar o personagem Beiçola, em A Grande Família, abriu o coração em uma entrevista exclusiva à coluna Fábia Oliveira.
O artista acabou de ser salvo de um despejo após a influenciadora Martina Oliveira, conhecida como “Beiçola do Privacy”, quitar mais de R$ 12 mil de uma dívida referente aos aluguéis não pagos do apartamento onde ele mora na zona sul do Rio.
No papo exclusivo, Marcos Oliveira falou sobre as dívidas, a ajuda que recebeu não só de Martina, como de Deolane Bezerra, Tatá Werneck e muitos fãs, além de revelar quais são seus planos daqui para frente. E não parou por aí. O ator também relembrou um estupro que sofreu na infância, destacou o amor que sente pelas suas três cachorrinhas e detalhou o golpe que sofreu de um suposto assessor.
Leia a entrevista completa com Marcos Oliveira:
A Martina Oliveira pagou a sua dívida com os aluguéis atrasados? Como você recebeu essa ajuda?
Sim, ela pagou. Recebi com alegria e alívio porque agora ganho mais uns dias para encontrar outro lugar pra viver, já que devido ao golpe que sofri meu nome está sujo, não tenho crédito, sou aposentado com a aposentadoria comprometida pelo golpista do Felipe e com trabalhos raros, afinal tenho quase 70 anos, diversos problemas de saúde há mais de 30 anos e poucas empresas e lugares me chamam para trabalhar.
É o etarismo. As pessoas não querem ver um velho que não é bonito. Querem ver pessoas que elas querem ser e não o que são ou que um dia serão.
Ela quem foi falar diretamente com você? Como foi essa conversa e contato?
Minha amiga e advogada Dra. Rose Scalco recebeu o contato dela e as duas correram em tempo recorde na Justiça para pagar tudo, falar com advogado, falar com imobiliária, proprietário e tudo mais, sem eu saber. Depois que deu tudo certo, a Rose veio em casa ontem à noite (02/09) e me pediu pra atender a ligação da Martina que, desde a tragédia climática que aconteceu no RS, eu estava sem notícias.
Eu chorei muito hoje, depois que a ficha caiu, e ganhei até mais ânimo para começar a ensaiar para meu show. Ainda estou resfriado, mas com mais esperança e fé conseguirei ensaiar. Graças à Martina e à produtora dela, a Thaisa. E à Rose que sempre me apoia e me indica para trabalhos. Sou grato demais a elas e a todas as pessoas que, por mais humilde que sejam, me ofereceram até a casa delas para dividirem comigo. Como não sentir gratidão por elas? Isso me emociona demais.
Saiu também que ela vai doar mais um valor referente aos dois próximos aluguéis. É verdade?
Sim, ela quitou direto com a imobiliária. Assim consigo mais uns dias pra achar um lugar que me aceite sem fiador, ganhando meio salário mínimo, com três cachorras e vários problemas de saúde. Orando pra achar um lugar assim.
Como é a relação de vocês?
Eu a conheci ano passado quando soube que ela fez, em Porto Alegre, uma campanha na cidade para me ajudarem, me dando oportunidade de trabalho. Depois disso ela veio ao Rio ver um espetáculo onde eu atuava e me conhecer pessoalmente. Quando soube da história de vida dela, me encantei. Que menina batalhadora e determinada. Não é para muitos trabalhar com conteúdo adulto, ter dignidade e não se abalar perante o tribunal que é cabeça das pessoas com recalque e mal resolvidas com a sexualidade. Ela é muito corajosa e se diz minha filha de coração. Eu a tenho como filha de coração, assim como a Tatá Werneck, que paga o meu plano de saúde e a Dra. Deolane que me ajudou num momento crítico. E as diversas pessoas que me mandam mensagens de carinho e gentileza.
Até as que querem que eu morra eu sou grato, pois elas me dão o combustível que preciso pra viver: o ódio delas. Tenta me desmerecer como ser humano, mas minha vontade de viver e fé são maiores.
Há um tempo, você e a Martina iam contracenar juntos, mas o projeto acabou não saindo do papel. Como está essa situação? Tem algum plano vindo aí ou parou mesmo, de vez?
Esse espetáculo é muito bom! Mas como não conseguimos patrocínio, não foi pra frente. Acertamos de trabalhar de graça no primeiro mês até o espetáculo ganhar notoriedade e todos poderem receber. A princípio só os técnicos receberiam, mas daí a produtora da peça ficou muito doente, com problemas pessoais e de família e precisou voltar para o estado dela. Aí complicou, porque todos tinham outras agendas e compromissos e o espetáculo ficou sem espaço na vida de todos.
Até porque não ganharíamos nada no início. Mas precisamos pagar contas como todo mundo. E quem, além de atores e atrizes de teatro, topam trabalhar sem receber, só pelo amor ao teatro? Ninguém, né? Sem dinheiro ninguém vive. Mas temos esperança disso melhorar em algum momento e nos reunirmos todos novamente pra colocar o espetáculo em cartaz.
Com essa dívida quitada, quais são os seus planos daqui pra frente, para não acumular mais aluguéis não pagos?
Como já disse: consegui mais uns dias pra achar um lugar que me aceite sem fiador, ganhando meio salário mínimo, com três cachorras e vários problemas de saúde. Orando pra achar um lugar assim.
Como você tem feito para pagar as demais contas? Tem recebido ajudas?
Graças ao apoio da Dra. Deolane consegui quitar uma pequena parte das dívidas que o golpista do Felipe Peres fez em meu nome e fiz o dinheiro chegar até aqui. Como muita restrição. Cancelei telefone, vendi móveis de casa, itens pessoais, fiz teatro ganhando 100 e 200 reais por apresentação, mas uma hora acabou.
Eu tinha dois contratos quase assinados para fazer publicidade que me dariam a possibilidade de sair daqui de casa, na época, ir para morar em São Gonçalo num lugar muito em conta, mas daí um pseudo produtor cultural chamado Lucas Adir Schuster (de Lages – SC), que estava tentando me agenciar, me pediu o telefone da Dra. Deolane. Eu não dei o telefone porque ela não autorizou e nem a incomodei com isso – claro! Aí ele editou áudios que mandei pra ele, inventou histórias e mandou pra um jornalista sensacionalista lá do nordeste que publicou isso sem sequer averiguar a verdade e a repercussão foi tão grande que as empresas que estavam para me contratar para fazer publicidade, desistiram.
Fiquei sem chão, falei com a Deolane, que me ajudou com o cancelamento que alguns fãs dela começaram a promover comigo, e ela de forma muito direta pediu para não me cancelarem. Mas o estrago que o Lucas fez foi gigante. Eu tentei proteger a Deolane e ela me odiou por isso. Depois, a família dele entrou em contato comigo, pediu desculpas, explicou que ele é alcoólatra, que ele matou o pai com tanto desgosto que deu pra ele e como eu fiquei com dó da mãe dele, que poderia até ser morta por ele se eu colocasse ele na Justiça como pensei, eu desisti.
Eu até participei como ouvinte de uma reunião que a família dele estava pra decidir internar ele ou mandar ele pra longe. Mas não conseguem, pois ele volta e tenta matar a mãe. Paguei um preço alto por perdoar e querer viver em paz.
E os trabalhos? Tem realizado algum ou já tem projetos para realizar?
Estou aberto para quem quiser me procurar. Só mandar e-mail para amarcosbeica@gmail.com que eu leio tudo. Tenho esperança também em fazer a cirurgia que preciso para corrigir as fístulas que tenho e voltar a evacuar pelo ânus, que é tampado cirurgicamente há décadas, e que me força a usar bolsa de colostomia. Isso me traz muita esperança de voltar a viver sem bolsa.
Noto que algumas pessoas ficam incomodadas com isso, pois não é agradável, mesmo que eu esconda a bolsa debaixo da camisa ou blusa. Isso não me impede de trabalhar, mas afasta um pouco as pessoas quando veem isso. Eu não me esqueço deste ano, quando fui ver o espetáculo da Fernanda Montenegro, e a produtora dela – a Carmem – me levou pra encontrar Fernanda. Ela me abraçou e até tocou na minha bolsa e disse: “Mas isso não te impede de trabalhar e você é ótimo e tá bem. Adoro ver você no Viva”. Chorei tanto. São atitudes assim que me fazem ir pra frente.
Engraçado que só este ano, reencontrei quase todos do elenco principal da Grande Família, trabalhando em espetáculos no teatro, e todos me deram apoio e me motivaram. Não posso desistir de viver, mesmo quando o tribunal da internet me condena à morte por ter recebido ajuda da Deolane.
Sobre o golpe que sofreu, como está o caminhar das investigações?
Minha filha, agora é com a polícia pra dar o que a juíza pediu e assim prender ele. Agora, pra receber os quase 500 mil em valores corrigidos pelos bancos e credores, não tenho esperança. E olha que tenho testemunhas pra provar tudo o que vivi. Nem assim conseguiram pegar ele. O rapaz alega que tem obesidade mórbida pra não ser preso e a Justiça aceitou o pedido por outro crime que ele cometeu. Eu sou o quarto a sofrer o mesmo problema que ele causou em outros três idosos.
Na época, me pediam para investir em redes sociais pra ganhar dinheiro e eu precisava ganhar a vida e minha aposentadoria acabava de sair, mas era de um salário mínimo apenas. Não dava pra pagar os remédios que uso e nem comprar as fraldas, bolsa de colostomia, cremes para a psoríase e outros custos com saúde que tenho. Aceitei a ajuda dele, que dizia que era ‘ex-acessor’ (sim ele escrevia assessor com C – e só descobri que ele nem sabia escrever direito depois) da falecida Rogéria. Eu perguntei quanto ele cobraria e ele disse que faria isso porque era meu fã e queria ajudar. Eu não desconfiei de nada, até porque ele chegava em casa sempre de carrão e com uma comitiva que ele tinha: uma empregada, uma cuidadora (ele é muito obeso e precisa de alguém até pra trocar ele) e o marido.
Eu não tinha opção de ajuda pois estava me recuperando de mais uma cirurgia que eu tinha feito. Aceitei, ele me deu um chip com outro número de celular, um celular velho pra eu ficar, dizendo que o meu atual era pra ficar com ele pra cuidar das redes sociais. Mas lá tinha os aplicativos de banco. Não demorou pra ele descobrir as senhas, tirar foto minha pra reconhecimento facial e começar os delitos.
Ele só é burro pra escrever, pra se expressar – queria ser uma dragqueen – mas se tratando de golpe, ele é muito articulado. E como eu tinha o nome limpo, e por conta da minha conta PJ [pessoa jurídica] que usava para receber por trabalhos que fazia, o meu limite de empréstimo era excelente. Nem eu usava o limite porque vivia dentro da realidade. Mas ele pegou tudo, usou meu nome para comprar até carro.
E o pior de tudo pra mim: Eu iria começar uma nova temporada na Multishow no O Dono do Lar. A produção mandou roteiro, datas, contrato e até parte do elenco entrou em contato comigo na época. Mas ele respondeu se passando por mim, [dizendo] que eu não estava em condições de trabalhar. E no meu antigo Instagram, que foi excluído inclusive, ele fazia vaquinha pra conseguir dinheiro de doação que eu nunca tive acesso. Ia pra conta PF que eu tinha e ele sacava tudo.
Mas só descobri tudo depois que minhas amigas e amigos, que ele afastou de mim pra conseguir fazer a limpa na minha vida, voltaram a se aproximar de mim. Nem o telefone de muitas amigas eu tinha mais, pois meu número tinha mudado e ele estava com o que todos tinham. Minha vida virou um inferno. Eu acho que nem quando minha mãe me abandonou ainda bebê pra alguém adotar, eu sofri tanto.
Como você avalia e analisa toda essa situação que tem enfrentando?
Tenho fé e vou dar a volta por cima. Sei atuar, cantar e posso trabalhar pois tenho força de vontade. E tenho apoio dos fãs e das amigas e amigos que sempre me incentivam a continuar. Aliás, se não fosse pessoas como a Rose, D. Lourdes, Fabi, Ruy, Liziane e tantos outros famosos e não famosos, eu não estaria aqui mais.
Você pensa em se mudar para um bairro mais barato?
Como respondi acima pra você: sempre quis morar longe da cidade, em um sítio, mas como tinha de trabalhar, ir pro Projac gravar, ficava adiando. Meus médicos estão todos por aqui. Meus remédios hoje cedidos pelo SUS (quanto disponíveis) só consigo pegar aqui. Mas estou vendo pra onde irei. Como disse: achando um lugar que me aceite sem fiador, ganhando meio salário mínimo, com três cachorras e vários problemas de saúde. Orando pra achar um lugar assim.
E o Retiro dos Artistas?
Eu quero, mas eles não têm vaga. Até fiz um show recentemente, e farei outros, para ajudar a arrecadar fundos para eles. Mas eles não têm vaga. Quando tiver, eu vou! Isso se eu não morrer antes. Na época que eu iria, não deu certo por conta das cachorras, do golpe, e tudo o mais. Mas agora nos acertamos e pretendo pagar eles fazendo shows beneficentes.
Como está a situação com os seus cachorros?
Eu não tenho família biológica. Fui estuprado quando criança por um adulto que depois descobri ser meu irmão biológico. Não tenho afeto humano, a não ser dos fãs e amigas e amigos que tenho. Não tenho vida sexual ativa há quase 30 anos, quando tive que começar a usar bolsa de colostomia por ter o meu ânus tampado cirurgicamente. Tenho várias fístulas internas.
Meu prazer hoje é dar carinho para três cachorras onde duas foram abandonadas na rua e estavam em situação de quase morte. A mais nova foi presente da Tatá Werneck. Como eu que tanto sofri, poderia não ter empatia por elas e agora na fase final da minha vida e da delas, me desfazer como se fossem um móvel velho? Eu não sou cruel. Eu amo elas mais do que qualquer ser humano ou coisa material que eu já tive. Amo mais que meu ofício de ator, inclusive. Elas vão comigo pra onde eu for! Eu fui abandonado, mas elas não serão! Não serão!
Há um tempo, você recebeu um dinheiro da Deolane também. O que aconteceu?
Como expliquei acima: graças ao apoio da Dra. Deolane consegui quitar uma pequena parte das dívidas que o golpista do Felipe Peres fez em meu nome e fiz o dinheiro chegar até aqui. Como muita restrição. Cancelei telefone, vendi móveis de casa, itens pessoais, fiz teatro ganhando 100 e 100 reais por apresentação, mas uma hora acabou. Uma boa parte tive que pagar parte das dívidas que o golpista deixou. Mas os juros dos bancos que ele usou pra me roubar, só aumentam e se torna uma dívida praticamente impossível de pagar. Mas eu preciso ter meu nome limpo de novo. Não quero morrer sem isso. Por isso quero tanto trabalhar e que ele vá para a cadeia pagar pelos crimes.
Da redação do Conexão Correio com Metrópoles
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