Foto reprodução TV/Globo O ex-PM Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle Franco (PSOL), afirmou nesta quarta-feira (28) ter sentido náu...
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O ex-PM Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle Franco (PSOL), afirmou nesta quarta-feira (28) ter sentido náusea ao ver o delegado Rivaldo Barbosa, acusado de participar do crime, abraçado à mãe da vereadora um dia após o homicídio.
“No dia seguinte, eu não tinha fome ainda. Estava abalado, obviamente. Ainda estava adrenalizado com o fato em si, eu vi o Rivaldo Barbosa abraçado à mãe da Marielle. Aquilo me causou… Causou náusea em quem atirou”, disse Lessa durante a audiência virtual sobre o caso no STF (Supremo Tribunal Federal).
Rivaldo é acusado de ter orientado os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, apontados como mandantes do assassinato, sobre a melhor forma para evitar a investigação. O delegado, à época chefe da Polícia Civil, teria determinado que o crime fosse cometido num trajeto que não tivesse a Câmara Municipal como origem ou destino
“Para você ter uma ideia da magnitude do sujeito. Ele tem que ser estudado. A mente dele é voltada para o mal. Aquilo é a personificação da indiferença, do mal. Conseguiu causar náusea em quem atirou. Quem matou fui eu”, disse o ex-PM, que firmou delação premiada com a PGR (Procuradoria-Geral da República).
Lessa presta depoimento desde terça-feira (27) no STF. Até o momento, ele respondeu apenas a perguntas da PGR. O ex-PM ainda será questionado pelas defesas ao longo da semana.
O delator descreveu um cenário de corrupção generalizada na Delegacia de Homicídios sob a gestão de Rivaldo Barbosa. Afirmou que inquéritos de papel desapareciam para evitar o esclarecimento de crimes.
“Rivaldo Barbosa já tinha o histórico dele. Ele já era o Tio Patinhas na polícia. Todo mundo comentava. A partir desse momento ele passou a ser também o Silvio Santos, o Topa, [de] Topa Tudo por Dinheiro.
Quanto mais sangue rolava no Rio, mais dinheiro a equipe da DH e, obviamente, Rivaldo Barbosa, botava no bolso. Isso é fato. Fato conhecidíssimo por todos”, disse Lessa.
O advogado Felipe Dalleprane, que defende Rivaldo, interrompeu o depoimento para pedir ao delator que indicasse as pessoas que fizeram tais pagamentos ou de quem ouviu tais relatos.
“Tudo o que o delator fala, tem repercussão”, queixou-se o advogado.
Lessa disse que nunca fez tais pagamentos “porque não tinha milícia”, mas ouviu os relatos durante os dez anos em que esteve na polícia e nos anos restantes em que convivia com agentes.
“A gente acaba sabendo. A questão da propina na DH não é novidade para ninguém no Rio de Janeiro, com relação a milícias, com relação a contravenção, com relação a tudo”, disse ele.
“Estou falando de forma genérica porque não posso dizer: ‘Fulano pagou tanto, vezes tanto. Eu vi. Eu tirei uma foto’. Não posso. Mas não posso ficar calado diante do que eu sei. Se eu sei, todos sabem na polícia.
É escandaloso. Tem como provar isso? Não. Agora, a Polícia Federal conseguiu achar alguns indícios? Obviamente que sim. Estou tentando ajudar, de alguma forma, a dar credibilidade ao trabalho [feito pela PF].”
Posteriormente, Lessa afirmou que o ex-PM Adriano da Nóbrega, morto em 2022, era uma das pessoas que chamavam Rivaldo de “Topa”, em referência ao programa Topa Tudo por Dinheiro.
“Engraçado que a fala dele lembra a do Domingos: ‘Sem ele, ninguém faz nada’. O Escritório do Crime foi alavancado pela moral que o Rivaldo deu a ele. Porque, senão, não existia”, afirmou o colaborador.
O ex-PM disse que Brazão lhe garantiu, ao encomendar a morte de Marielle, que Rivaldo tomaria medidas para atrapalhar a investigação. “Rivaldo recebeu para isso desde o ano passado”, disse Domingos, segundo o delator.
O promotor Olavo Pezzotti, que representa a PGR na audiência, questionou em seguida se Lessa recebeu a mesma garantia do bicheiro Bernardo Bello quando foi encomendada a morte de Regina Céli, ex-presidente do Salgueiro. Segundo o ex- PM, o planejamento desse crime, que não se concretizou, ocorreu em paralelo ao de Marielle.
“A minha conversa com o Bernardo, não houve esse tipo de alinhamento, porque já existe. Ele não tem que me dar segurança nenhuma. Ele é um dos grandes contraventores. É um tipo de coisa que nem se pergunta, nem se cogita. Pega até mal se eu perguntar uma coisa dessa. Já faz parte da cultura, já faz parte do contexto.”
Da redação do Conexão Correio com Correio Brasiliense
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